sexta-feira, maio 27, 2005

Um ano negativo no Beira-Mar

PARA RECORDAR, SEMPRE

Este era o artigo de opinião que tinha vontade de escrever. Não pensei nele ontem, nem anteontem, na semana passada ou no mês passado. Este artigo de opinião já estava referenciado no meu pensamento há alguns meses. Há tempo suficiente, infelizmente, para perceber que a época desportiva iria correr mal. Iria, como acabou por ser, um desastre total.
Continuo a pensar que esta fatalidade teve o seu início na forma como António Sousa foi demitido do clube. Peço-vos, humildemente, desculpa por refugiar-me em António Sousa, mas a verdade é que a forma como o nosso ex-treinador foi demitido em nada augurou fortuna ao nosso clube. Desde que Mano Nunes tomou conta dos destinos do Beira-Mar, que começámos a ver o clube funcionar como um só. Havia como que uma mecânica perfeita na forma como a estrutura dirigente coabitava com a estrutura técnica. De fora, sempre deu a sensação que nada era dito sem o prévio contacto entre presidente e técnica. Só assim se percebe que os anos em que Mano Nunes e António Sousa trabalharam juntos proporcionaram tão bons resultados. Aliás, basta ver que não há memória de uma tão grande convulsão de associados como a que está a acontecer actualmente. Alguém imaginava o dia em que o nosso presidente viesse a terreiro pedir a sua demissão? Julgo que ninguém.
O certo é que esta época teve um nascimento… torto. Desde logo o novo treinador. Mick Wadsworth suscitou a dúvida: quem é o homem? De semblante algo carregado e pouco dado a amizades, Wadsworth quis rodear-se de gente sua. Paul Murray e McPhee fizeram companhia ao compatriota e desembarcaram em Aveiro. Mas isso não foi o pior. McPhee, meus amigos, ainda se aproveita; agora Murray, minha Nossa Senhora, e só pensar que já envergou a braçadeira de capitão mais mal-disposto fico. Um jogador que nunca convenceu, que nada acrescentou aos que já cá estavam, enfim desperdício de dinheiro na sua aquisição. O pior, de facto, foi o raio da parceria estabelecida com o Stellar Group. Um acordo que: 1) nunca foi pedida a devida autorização aos sócios em Assembleia-Geral; 2) a opinião dos sócios tem sido negativa sobre a parceria; 3) já agora, alguém se importa de explicar os benefícios adquiridos pelo meu Beira-Mar com esta parceria.
O tempo foi passando. O Beira-Mar não jogava mal, não senhor, os resultados não eram os melhores, mas nenhum mal vinha ao mundo. Quando ninguém esperava… Wasworth pediu a demissão. Já agora, alguém se importa de explicar a verdadeira razão desta saída?
Rei morto, rei posto. Manuel Cajuda veio na disposição de colocar o Beira-Mar… na Europa. Entretanto, em Dezembro, Zeman, Levato e Pablo Rodriguez vão-se embora. Pouco depois, também Manuel Cajuda. Uma série de acontecimentos anormais, nada dignos para um clube habituado à estabilidade e à seriedade. Já agora, alguém se importa de explicar o porquê da saída inesperada de Manuel Cajuda? E Zeman e Pablo Rodriguez, foram-se embora porquê? Por terem ido comemorar o Natal e a passagem de Ano aos respectivos países? Mas porque é que não foi aplicada a mesma penalidade a McPhee (que se ausentou para os Estados Unidos da América) e a Pavel Srnick (que foi à República Checa) por exemplo? Haverá explicações para isso?
Os erros de gestão sucederam-se. Por muito que ainda hoje nos custe a entender, Luís Campos, esse treinador (?!) com um passado técnico por mais evidente, veio para o Beira-Mar quando a lógica fazia prever que fosse Paulino, homem da casa, a assumir o comando técnico do clube. Foi, meus amigos, um acumular de erros estratégicos de gestão que só poderia, infelizmente, levar a equipa de futebol para um único caminho: a segunda divisão. Em jeito de "emendar a mão" que é como quem diz, corrigir o erro, veio Augusto Inácio. Mas a sua vinda só acabou por provar uma evidência: a direcção liderada por Mano Nunes não soube escolher o melhor na devida altura.
Termino com três simples questões e que gostaria, sinceramente, que fossem publicamente respondida: quais as razões que levaram a tomar todas as decisões aqui enumeradas quando neste mesmo órgão de comunicação social foi pedido, ao longo do ano, que outras atitudes fossem tomadas? Será que os sócios e adeptos já não são dignos de serem ouvidos pelos actuais corpos dirigentes? Antes das eleições não deveria ter lugar uma Assembleia-Geral?

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