terça-feira, dezembro 14, 2004

"Não desculpo de modo algum aos homens de acção que não vençam, uma vez que o êxito é a única medida do seu mérito".
Gustave Flaubert
LEI DA ROLHA NÃO PODE CALAR ADEPTOS
Infeliz! No mínimo, é assim que podemos classificar a atitude assumida pela direcção, em concordância com o plantel profissional do Beira-Mar, à recente tomada de posição em não falar para a comunicação social. Desse modo, ficamos sem saber de que forma é que Manuel Cajuda iria justificar a vergonhosa exibição produzida pelo meu clube diante do débil Moreirense. A contar com a desastrosa produção (?) feita no Estoril, já vamos em dois jogos desastrosos realizados pelo Beira-Mar esta temporada.
Mas o que mais me revolta nem é a inesperada derrota do passado Domingo. À primeira vista parece inacreditável, mas é verdade. O que me custa mais a aceitar é o oportunismo descabido protagonizado pelo clube ao adoptar o já celebre "black-out". Eu nunca entendi muito bem aonde é que se quer chegar com esta medida. A obrigação de ninguém do clube falar serve para castigar quem? Os adeptos, que desta forma não sabem da voz dos seus ídolos o que lhes vai na alma? Os jornalistas, que, julgam alguns, ficam sem nada para fazer? Os jogadores, que para alguns continuam a não saberem falar e são pagos apenas para dar uns pontapés, com algum efeito, na bola? Expliquem-me, por favor, porque facilmente chego à conclusão que todos os clubes que ao "fecharem a matraca" aos seus actores principais enveredam por uma via sinónima de cobardia.
Chego a pensar, e custa-me muito escrever isto, que por momentos a direcção estaria à espera de um desaire frente ao Moreirense. Antevendo tal quadro, seria ideal que ninguém do plantel falasse à imprensa sobre a hipotética, que viria a confirmar-se real, derrota. Assim é fácil. Vangloriasse o brilharete obtido diante do apenas e só campeão nacional, europeu e mundial e refugiasse no silêncio depois do desastre frente ao todo-poderoso Moreirense.
Será que a direcção não tem qualquer confiança neste plantel? Ao menos que apresente argumentos válidos para esta lei da rolha. Agora, quem não devem ficar calados são os adeptos. É inadmissível que uma semana depois de terem surpreendido o país ao vencer no Dragão, tenham sido goleados pelo conjunto que, no meu entender, é o mais fraquinho da SuperLiga. Alguma coisa de muito estranho está a acontecer no Beira-Mar.
Torna-se urgente que se adoptem medidas para evitar que situações deste tipo voltem a acontecer.
O Beira-Mar não pode continuar a viver momentos de instabilidade como o que está a viver. Julgo que houve tempo suficiente para preparar o clube e dotá-lo de condições mínimas para fazer uma época tranquila. E é neste momento mais delicado que se deve tomar conta do leme com bravura e sabedoria. Porque, tal como disse Públio Siro "qualquer um pode tomar o leme quando o mar está calmo".
Este diz que disse relativamente às saídas nocturnas de jogadores; as figuras tristes que, segundo se consta, fazem na praça pública têm que acabar. Das duas uma: ou alguém faz prova válida de que isto é verdade, e aplica-se a devida justiça, ou acabe-se com as suspeitas.
Pobre vida de um sócio/adepto que vive na constante ânsia de ver o seu clube subir aos patamares mais altos do nosso futebol. Uns dias acorda-se com a ilusão de que agora é que vai ser, para no dia imediatamente seguinte chegar à desolante conclusão de que essa subida fica uma vez mais adiada. Haverá, ao menos, alternativa…
Não posso deixar passar esta oportunidade para criticar veementemente todos aqueles que no passado Domingo pediram a todo o custo que Ribeiro fosse substituído. Acho uma tremenda falta de respeito, de vergonha e uma ingratidão atroz que me deixa desiludido. Sabendo que Ribeiro é aveirense; formado nas camadas jovens do Beira-Mar; serviu e serve com dedicação, brio e elevado profissionalismo o nosso clube; sempre deu a cara nos momentos mais difíceis, torna-se extremamente difícil compreender o porquê dos assobios e dos constantes apelos à sua substituição. Como não tenho memória curta e curvo-me perante o muito que deu e irá continuar a dar, se Deus quiser, ao meu Beira-Mar resta-me dizer: "perdoa-lhes amigo Ribeiro; eles não sabem nada daquilo que fazem".

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