terça-feira, dezembro 28, 2004

"É horrível assistir à agonia de uma esperança"
Simone de Beauvoir

Não tenho memória de uma época tão sem sentido como esta que o Beira-Mar está a viver. Passámos de clube que, aos olhos da opinião pública, mostrava pautar-se pela estabilidade, gerador de confiança para sócios e adeptos, apetecível a qualquer técnico para colocar em prática um projecto ganhador de futuro e que qualquer jogador ambicionava representar para, de um momento para o outro, ameaçar em cair no vazio e vislumbra, cada vez com maior nitidez, o panorama de um temporada desastrosa.
Vamos, meus amigos, estrear, este ano, a quarta equipa técnica (!). Sem quaisquer resultados práticos e infelizes por motivos vários.
Se Mick Wadsworth entrou logo com o pé esquerdo face ao que se dizia ser como o "pior treinador do mundo", já Manuel Cajuda trazia, consigo, uma imagem de bom técnico, com provas dadas nos clubes por onde passou e fazendo sonhar os sócios e adeptos com um possível qualificação para as competições europeias. Certo é que durante o consulado de Cajuda a única medalha que conquistámos foi a vitória no Dragão. Nada mau. Afinal, sempre podemos dizer com vaidade que em casa do campeão do mundo nunca perdemos. No entanto, o reverso dessa medalha é que Cajuda deixou-nos nos últimos lugares da classificação e com uma frase enigmática: "comigo, em Portugal mandam os portugueses!"..
Last, but not least Paulino assumiu, ainda que interinamente, o comando da equipa numa fase crítica e dirigiu-a em Coimbra. Para mim, que marquei presença nesse jogo, o Beira-Mar jogou um futebol de qualidade. Aliás, saí de lá com destino à capital da região do Centro, Aveiro, com a sensação de ter deixado dois pontos na cidade dos estudantes. Pergunto: não seria sensato dar uma oportunidade a Paulino confiando-lhe os destinos do Beira-Mar por mais algum tempo?
Em verdade vos digo que toda esta confusão teve o seu epicentro, na minha opinião, com o acordo firmado entre o Beira-Mar e o Stellar Group. Cheira-me a esturro esta parceria. Não vislumbrei, até à data, qualquer benefício para o meu clube. Bem pelo contrário! Os intervenientes colocados no meu clube, por esse grupo, são de qualidade duvidosa: Mick Wadsworth pouco tempo aqui esteve e abandonou o clube envolto em mistério; jogadores como Pablo Rodriguez, Murray, etc. ainda não mostraram qualidades para envergarem a laboriosa camisola amarela e preta. Um tal de Chovanec foi contactado mas não contratado. Bem vistas as coisas, parece-me que existem razões suficientes para reavaliar as vantagens nessa parceria. Assiste justa causa em favor do Beira-Mar. Parafraseando Joseph Joubert "quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés". Isto significa que o Beira-Mar vai tendo imaginação, é verdade, mas à medida que vai caindo não tem pés para se segurar. E a prova disso mesmo é vamos caindo na classificação da SuperLiga.
Com o tempo a passar, esta paragem no campeonato em nada foi aproveitada pelo novo treinador assegurado pela actual direcção: Luís Campos.
Baseando-me, uma vez mais, na minha própria opinião, direi que não o treinador que mais me agrada. Por onde quer que passe, Luís Campos será sempre recordado como o técnico que na mesma época foi co-responsável pela descida de duas equipas: Varzim e Setúbal. Também se deve referir, em abono da verdade, que essas formações não possuíam jogadores com qualidade suficiente para fazer muito mais. Para os mais esquecidos, este ano Luís Campos foi demitido do Gil Vicente.
Já alguém dizia "eu vou aonde me leva o meu pensamento. Talvez chegue à paz do meu coração". E no meu pensamento, o meu Beira-Mar ainda vai a tempo de se reencontrar com o caminho da tranquilidade, da paz, do sossego e das vitórias.
Feliz Ano Novo, a todos!

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