Duas ideias à Direcção

Já empossados, os novos elementos que constituem a direcção do SC Beira-Mar terão pela frente um trabalho árduo mas, quero crer, por amor ao clube deve ser encarado como um trabalho, ou uma tarefa, aliciante e estimulante.

A voz corrente, vinda precisamente do interior desta direcção, diz-nos que não existem dívidas à Segurança Social, nem ao Fisco. Dos jogadores, parece que não há salários em atraso, mas, acredito, esteja ainda em falta os prémios de subida e do título de campeão nacional.

Folgaria muito saber que também os restantes trabalhadores tivessem os respectivos vencimentos em dia e que os credores, sobretudo ex-dirigentes, chegassem a um acordo aceitável com a equipa de Mário Costa.

No que toca ao relacionamento com a autarquia, desejo que, de uma vez por todas, se chegue a um consenso com base na lealdade, justiça e compreensão de parte a parte.

Tudo conjugado, tudo aceite e o Beira-Mar poderá encarar o futuro com optimismo, confiança e ambição à medida do seu largo historial. Se hoje o exemplo a copiar é o Paços de Ferreira, na opinião do presidente, amanhã podemos ser nós o exemplo para os outros.

Quanto ao futuro imediato, permita-me o SC Beira-Mar, na pessoa do presidente, que sugira duas ideias para duas áreas distintas:

Comunicação

Vector importante numa organização moderna, a comunicação deve ser encarada como a imagem de marca de uma instituição. Nos dias que correm, a internet é a ferramenta primordial, dela se podendo fazer uso para diversas iniciativas que visem mostrar a realidade da instituição.

Falar a uma só voz é importante, como o é o facto dessa voz ser coerente quando se fala para diversos receptores. Neste momento, assisto a uma desigualdade de tratamento gritante. Urge mudar esta triste realidade.

O clube tem ao seu dispor quatro veículos de informação que poderia dar a devida utilidade. A começar pela sua página oficial, onde as notícias vão surgindo a conta-gotas e, na maioria das vezes, desfasadas do tempo. Entrevistas aos reforços, aos directores das várias secções, treinadores e outros jogadores. A dinâmica do site pode ser feita com interesse geral de quem acede à página, quer sejam profissionais da comunicação social, quer sejam outro tipo de leitores.

Também com o Diário de Aveiro se poderia reactivar a parceria para publicação do "Jornal Beira-Mar", mas atenção é preciso um tratamento diferente, daquele que existe hoje.

Nas duas rádios, Aveiro FM e Terra Nova, proponho que se estabeleça uma relação mais estreita, iniciando um espaço semanal onde um elemento do clube marcasse presença num programa de índole desportiva.

Nos dias de jogo, em casa, distribuir aos jornalistas presentes um flyer com informações relevantes ao encontro em causa.

Formação

Desde sempre, o parente pobre e esquecido do universo beiramarense. Ali tem-se feito tanto e tão bom trabalho, quase sempre desaproveitado pelos dirigentes e treinadores que vão passando pelo Beira-Mar. Títulos nacionais e distritais, subidas ao nacional e brilhantes prestações contra equipas de nomeada, como FC Porto, SC Braga ou Vitória de Guimarães. Hoje vemos jogadores a brilhar noutras equipas, como Ricardo Dias no FC Porto, ou o guardião Samuel a ser chamado à selecção nacional.

Com condições de trabalho impróprias para um clube de I Liga, a formação lá vai levando a "água ao seu moinho". A recompensa seria a promoção de juniores à equipa principal, mas isso há muito que não acontece.

Eixense, Taboeira, Azurva, Oliveirinha e FC Bom-Sucesso são clubes que "moram" perto do Beira-Mar. Que tal estabelecer parcerias no sentido de intercâmbio de atletas e colocar, no Oliveirinha, por exemplo, jogadores que terminam a sua formação e iniciam o processo de transição a seniores?

É urgente aliciar os mais novos a envergarem, com natural ambição, a camisola «auri-negra».