Uma visão modesta (II)
Eis o primeiro confronto com um dos grandes do nosso futebol. A ronda dois reserva, ao Beira-Mar, a sua primeira deslocação fora de Aveiro e logo no terreno do FC Porto.
À partida, dirão os teóricos, será um confronto desigual, entre uma equipa que vem de três vitórias oficiais consecutivas (Benfica, Naval e Genk) sendo que uma (Benfica) valeu o primeiro troféu da época (FC Porto), contra uma formação "candidata à descida de divisão" (palavras de Leonardo Jardim) que vem de um empate caseiro (Leiria) na abertura da Liga (Beira-Mar).
Mas calma, muita calma. A teoria vale o que vale, porque...
Confronto da
nova geração
... porque a prática é fértil em desmentir o que se escreve e o que se fala. Lá dentro, no verde espaço das quatro linhas serão sempre 11 para 11 e com um esférico redondo para todos. É difícil ganhar ao Porto? É, seguramente! É impossível ganhar a este Porto? Não!
Este Porto está devidamente estudado. De tantas vezes dar e repetir na televisão e se ler os jornais, sabe-se como e quem joga. Salta à vista um guarda-redes bom (Helton), mas que também tem os seus dias infelizes. Este Porto aflige-se com uma defesa menos forte, contando com uma dupla central (Maicon e Rolando) pouco rotinada, mas bem nas laterais (Sapunaru e Álvaro Pereira) que dão profundidade aos corredores (sobretudo Álvaro Pereira).
O meio-campo é o pêndulo da equipa. Fernando actua a trinco, ajudando mais a defesa do que a sair a jogar. Belushi está a ter um início de época em grande e Moutinho é um recuperador de bolas nato (seguramente, seria boa ideia colocar Djamal e Rui Sampaio a fazer defesa individual a este dois jogadores). Na frente, está o forte do Porto: Varela está em grande forma (atenção Danilo, mais vale ter contenção do que demasiada aventura a contra-atacar); tem poder de explosão, apesar de ser desengonçado nos cruzamentos; Falcão leva já dois golos (Hugo pode valer-se da experiência para o neutralizar) e Ukra poderá surgir no lugar de Hulk (virtuoso, é certo, mas pouco pragmático).
Face a isto, que pode o Beira-Mar fazer? Acima de tudo, aguentar os primeiros 15 a 20 minutos. Não marcando, este Porto enerva-se. Trocar a bola com segurança e firmeza; olhar o adversário olhos-nos-olhos e perder o respeito (no bom sentido) pelo adversário. Ambição é a palavra de ordem. Ambição jamais pode ser entendida como sobranceria. Querer ganhar ao FC Porto é tão legítimo, como ambicionar derrotar a Académica na jornada seguinte. Afinal, estão todos no mesmo campeonato.
Uma derradeira ideia para o duelo entre os treinadores: André Vilas Boas (32 anos) ascendeu a uma equipa grande tendo feito pouco ou nada para o merecer. "Estudou" com os melhores (Bobby Robson e Mourinho), fazendo um campeonato sofrível na Académica. Hoje em dia, adaptando a ideia de Mário Wilson, qualquer treinador arrisca-se a ser campeão no Porto. Leonardo Jardim (36 anos) lutou muito para chegar a este nível. Não se "colou" a treinadores famosos para subir na vida. Se o Porto ganhar, acaba por ser normal; se o Beira-Mar triunfar, há todo o mérito de um grupo de trabalho.
Porque é bom ter memória, na época transacta, Leonardo Jardim venceu duas vezes, em Coimbra, André Vilas Boas (Taça de Portugal e um amigável). Como não há duas sem três...
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