terça-feira, maio 11, 2004

A IMAGEM DE UM TREINADOR
1. Aceita-se, pacificamente, que o Beira-Mar voltou a jogar mal na Madeira. Julgo que já não é novidade para quem quer que seja que este Beira-Mar é uma autêntica sombra, no sentido negativo, daquilo que foi na primeira volta. Julgo, também, que se torna exaustivo vir para a comunicação social e estar sempre a escrever sobre o mesmo. Dá-nos claramente a sensação que não sabemos fazer outra coisa que não seja dizer que o Beira-Mar esteve mal neste jogo, esteve mal naquele jogo, etc., etc. A verdade, essa, é fácil de explicar. Embarcámos num sonho bonito de viver que foi o de julgarmos que esta seria uma época fora do normal. Ou seja, sonhamos com uma ida às competições europeias. Eu pecador me confesso. Também alinhei nessa fantasia bonita e de uma dimensão celestial. Resultado: voltando à realidade, custa muito acordar do sonho.
Mesmo assim, acredito perfeitamente que a história sobre o que realmente se passou no interior do balneário da equipa ainda não foi transmitido para o exterior. E se querem que vos diga, se algo se grave se passou, é bom que isso seja explicado aos sócios do clube. Afinal de contas, o Beira-Mar somos nós. Não pertence a ninguém em particular: pertence a quem paga religiosamente as quotas ao fim do mês; a quem sofre com os desaires do clube; a quem não perde uma oportunidade que seja para ir ver o Beira-Mar actuar, suportando enormes sacrifícios. Nós, simples e anónimos sócios e adeptos, temos o direito, mais do que ninguém, de saber toda e só toda a verdade.
2. Tenho para mim que este Beira-Mar da segunda volta é a completa antítese da grande valia do ainda nosso actual treinador. E por falar em treinador, noto, nos jogos a que tenho a oportunidade de assistir, que no banco de suplentes não está o mesmo António Sousa que eu estou acostumado a ver. No banco a orientar a equipa está um treinador abatido, triste, desiludido e amargurado. Aquele é, também, o contrário do grande Sousa, jogador de futebol de créditos firmados, que passeou pelos relvados a magia de um centro-campista de grande classe; um jogador que ganhou títulos nacionais e internacionais ao serviço do Futebol Clube do Porto; um jogador que marcou um inesquecível e estupendo golo frente à Juventus de Boniek e companhia na final da Taça das Taças. Um senhor que soube conquistar um estatuto respeitável no futebol português e que tem lugar em qualquer equipa do mundo. Foi este homem que guiou o meu clube para caminhos de perfeito sossego e o estabilizou na divisão maior do nosso futebol; foi também este treinador que no célebre e inesquecível dia 19 de Junho de 1999 soube conduzir o Beira-Mar à conquista da Taça de Portugal. Um feito notável, construído com base numa equipa que apenas e só lutava para não descer de divisão e que vivia com um parco orçamento em relação aos directos opositores na primeira divisão. Confesso, hoje e aqui, que muito do meu fraterno sentimento em relação ao Beira-Mar se deve à imagem de António Sousa. Nesta hora de amargura só posso estar ao lado de António Sousa. Aconteça o que acontecer; haja o que houver; venha quem viver, António Sousa será sempre o meu treinador de eleição. O futuro certamente lhe tem reservado um lugar especial no Beira-Mar.
3. As opiniões são contraditórias. O possível novo treinador do Beira-Mar anda nas bocas de toda a gente. Os palpites sucedem-se à velocidade da luz. Será o inglês de nome difícil?; será Peseiro tão do agrado do presidente do Beira-Mar? Ao certo, certo ninguém sabe quem virá orientar a equipa auri-negra na próxima temporada. Eu tenho o meu favorito. Querem saber qual é? A suceder a António Sousa... só mesmo o próprio António Sousa. É que como diria o outro: "o que hoje é verdade, amanhã é mentira". E se assim for, quem sai a ganhar só pode ser o meu Sport Clube Beira-Mar.