Pura falta de ambição
1.A conferência de imprensa promovida pelos capitães do Beira-Mar não teve efeitos práticos no jogo frente à nossa rival de sempre, Académica de Coimbra. Afinal, a equipa continua desmotivada, apática e sem o fulgor - ai que saudades! - da primeira volta.
O resultado final de 0-0 espelha muitíssimo bem aquilo que se passou ao longo dos 90 penosos e intermináveis minutos. Ainda que da nossa parte tivéssemos a equipa bastante desfalcada, só o facto de jogarmos em casa perante o nosso público deveria servir como estímulo importante para a conquista da vitória final.
E é assim que nos vamos arrastando para o final do campeonato: sem ambição, sem objectivos práticos que nos motivem a assistir a qualquer partida do Beira-Mar. Desta maneira, torna-se bastante difícil fazer os inevitáveis sacrifícios em acompanharmos o clube aquando das suas deslocações.
Poderão alguns alertar-me para o facto de equipas como o Moreirense, União de Leiria e/ou Gil Vicente estarem na mesma situação que o Beira-Mar. Mas esses, ao menos, têm o precioso estímulo de melhorarem a classificação desde o início da temporada. Ao contrário de nós que já este ano fomos subindo de expectativas - primeiro era top-ten, depois a qualificação para a Taça UEFA - agora demos um valente passo atrás e só nos resta segurar, com muita dificuldade, o lugar entre os 10 primeiros da SuperLiga. E esse é, seguramente, um objectivo nada estimulante.
2.Parece um tema lesa-estabilidade quando se fala em problemas de balneário. Eu, sinceramente, não sei o que se passa dentro do balneário do meu clube. Também não sou ninguém para ter o privilégio (ou não) em saber o que lá se passa. De qualquer modo, sou, entre muitos, que acredita perfeitamente que nada está tão perfeito quanto antes. Deixemos de brincar às escondidas. A crise de resultados é só uma consequência da instabilidade que se passa no Beira-Mar. Desde que rebentou a outra crise - neste caso, a directiva - o Beira-Mar, infelizmente, decresceu de produção efectiva de jogo. A verdade, nua e crua, é que os jogadores como que se dividiram. Parece-me, visto do lado de fora, que a separá-los não está a língua, mas sim um oceano que se chama atlântico. Para bom entendedor, meia palavra basta! E sendo tudo isto verdade, até prova em contrário, acredito nesta tese muito pessoal. Julgo também que estaremos perante uma tremenda falta de respeito para com os sócios e adeptos. Deslocamo-nos aos jogos levados ao engano.
3. Deste modo, segunda-feira vou ser enganado. Porque tendo intenção de me deslocar a Lisboa, para assistir ao vivo ao encontro Belenenses vs Beira-Mar, parece que já sei, de antemão, o que me espera. Uma nova derrota da minha equipa conjugada com uma angustiante viagem de regresso a Aveiro. Pelo meio, estou mesmo a ver, uma paragem numa estação de serviço qualquer. As mesmas caras de sempre, o mesmo desconsolo estampado no rosto de cada um e o pensamento comum "se soubesse, tinha ficado em casa". Tem sido sempre assim: o mesmo filme já várias vezes rodado, mormente nos regressos de Moreira de Cónegos, Paços de Ferreira, Leiria e Guimarães.
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