quinta-feira, janeiro 20, 2005

"A liberdade custa muito caro e temos ou de nos resignarmos a viver sem ela ou de nos decidirmos a pagar o seu preço"
Martí, José
REVIVER O BONITO SONHO
Recordo-me bem da última deslocação do meu Beira-Mar ao novo Estádio da Luz. Aliás, quem é que não se lembre desse dia 2 de Novembro de 2003? E para quem não teve a oportunidade de estar presente, certamente viu pelas imagens televisivas em directo ou ouviu nas muitas emissoras de rádio que transmitiam, ao vivo, aquele que ficaria na história como o primeiro jogo oficial da catedral benfiquista. O primeiro golo até foi encarnado. Simão Sabrosa conseguiu colocar meio Portugal a vibrar com o feito histórico. A vitória, certamente, não iria fugir. Ao intervalo o conjunto orientado por Camacho vencia e, para alguns, até convencia um opositor de nome… Beira-Mar. Os mais optimistas já faziam previsão à forma como iriam escrever a primeira página do novo Estádio da Luz.
Mas no segundo tempo é que foi o bom e o bonito. Sem nada a provar fosse a quem fosse; sem ter qualquer receio de explanar todo o seu potencial futebolístico; com dignidade, personalidade e grande espírito de entre-ajuda, o tal Beira-Mar deu a volta aos acontecimentos e venceu com… lógica o seu opositor. Foi uma noite de futebol das mais bonitas que tive oportunidade de viver e assistir. Eu juro que jamais esquecerei aqueles longos e frenéticos 90 minutos. Ficaram, para toda a eternidade, guardados na minha memória. Um momento épico e de elevada categoria auri-negra. Como também ficaram na história as palavras de António Sousa, no final do jogo: "demos 45 minutos de avanço ao Benfica". Assim, sem mais, nem menos!
Não se pense que alegria ficou registada apenas e só no monumental Estádio da Luz. A viagem de regresso a Aveiro foi outro momento inolvidável. A claque Ultras Auri-Negros proporcionou momentos de boa disposição, onde imperavam os cânticos de apoio ao Beira-Mar. Aquela era a noite perfeita amarela e preta.
Depois, bem depois foi o ponto alto. A tradicional paragem na estação de serviço. Se a memória não me falha, foi na Mealhada. Estivemos largos minutos a comer, beber e a comentar e comemorar a histórica vitória do nosso Beira-Mar. De repente, viu-se ao fundo a chegada do autocarro que transportava jogadores, treinadores e dirigentes. Mal entraram no bar, uma estrondosa salva de palmas aos nossos heróis da noite; o cantar Beira-Mar; o "arrepio-de-espinha" que me percorreu pelo corpo. Eu só queria, só desejava que aquele momento não acabasse ali, naquela altura. Era tudo tão perfeito. Um belo quadro pintado por Dali; uma perfeita letra de canção escrita pelo mais competente cancionista. Que saudades, meu Deus!
Este ano, vou voltar à Luz. Vou reviver, se Deus quiser, o mágico momento vivido no incontornável dia 2 de Novembro de 2003. Vou, pelo meu Beira-Mar.

Esclarecimento: li, com a devida e merecida atenção, a carta aberta do presidente Mano Nunes. O seu apelo à união, nesta hora difícil, é de realçar. Pedi-lo, a título pessoal, mostra que essa união é mesmo necessária e imprescindível. Aliás, desde há três anos que o venho fazendo. Com a diferença de que o faço também nas horas boas e não só nos momentos mais complicados. E porque a determinada altura faz referência a um ser vivo, que não racional pelo que não pode ter sanidade mental, fui confrontado com essa alusão como sendo o seu destinatário. Procurei esclarecer-me, junto do presidente, se era de facto eu. A sua resposta deixou-me sossegado e tranquilo. Afinal, quem tanto escreve pela nobre e legítima causa auri-negra jamais poderia ser alvo de injustas críticas. Com a particularidade, para mim muito importante, de não estar a mando de quem quer que seja.
A minha liberdade intelectual preservo-a como um valor incalculável.

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