quinta-feira, maio 06, 2004

O BEIRA-MAR EM ACÇÃO
Foi tamanho o "balde de água fria" que todos nós apanhamos no Domingo passado, que eu próprio ainda hoje me questiono como foi possível perder dois pontos frente ao Vitória de Guimarães.
De facto, nada fazia crer que o Beira-Mar deixasse fugir uma vitória tão importante quanto especial na despedida do velhinho Estádio Mário Duarte. A equipa não jogou mal, actuou de uma forma personalizada, dominou o adversário durante grande parte do tempo de jogo e na última jogada, num lance fortuito a bola, vá-se lá saber como, foi parar ao fundo da baliza de Marriot. Isto é preciso ter cá um azar que nem vos digo, nem vos conto.
Já tinha alertado variadíssimas vezes que os encontros entre Beira-Mar e Guimarães têm-se revestido de um cariz muito peculiar. Emoção, incerteza no resultado, golos, jogadas bonitas, enfim os condimentos necessários para que o espectador saia do Estádio satisfeito com 90 minutos de bom futebol.
Este último jogo teve todos esses ingredientes. Nada faltou para que o futebol tivesse o seu momento de glória. Aliado a tudo isto, o facto de ser o último jogo de futebol realizado num campo de história fazia prever que só a vitória auri-negra permitia que todo o quadro fosse pintado em tons alegres, bonitos e inesquecíveis. O Beira-Mar, valha a verdade, tudo fez para ganhar o jogo. Sejamos claros, justos e honestos. Neste particular nada há a apontar aos atletas que actuaram. Também a equipa técnica esteve muito bem idealizando o esquema táctico adequado às características do adversário. E mesmo tendo chegado, com naturalidade, diga-se de passagem, à vantagem de dois golos, os treinadores procederam com muito acerto às substituições operadas. O que falhou, mesmo, foi que a bola rematada, parece-me que em bico, pelo jogador do Guimarães anichou-se, com muita sorte, na baliza do meu clube. Isto para dizer que já passavam alguns segundos dos três minutos "dados" por um árbitro que em certos momentos do jogo, mormente quando o Beira-Mar estava a vencer, dava a entender que não queria que os aveirenses demorassem muito tempo a colocar a bola em jogo.
No final, quem fez a festa foram os vimaranenses. Mas o melhor é não carpir mais mágoas. Estou plenamente convencido que este terá sido apenas e só um mero e passageiro percalço num campeonato histórico que se quer amarelo e preto. Não será, com toda a certeza, este resultado que irá abalar a nossa confiança mais que confirmada numa boa época deste laborioso Beira-Mar. Já tivemos oportunidades de mostrar ao País que a nossa equipa é, de facto, muito boa e com imensas capacidades de voltar aos bons resultados. E os bons resultados são, claramente, vitórias seja em que estádio for (não é assim Benfica e Braga?).
Gostaria, se me permitem, de salutar o facto de o "nosso" Palatsi ter sido, ma vez mais, parte activa na história do nosso clube. Ainda que defendendo, e muito bem como só ele sabe, as cores do adversário, Palatsi actuou os últimos 90 minutos no Mário Duarte. Ainda ontem, no meu programa na Aveiro FM, ele próprio confirmou que se sentiu muito feliz por estar a fazer parte da bonita história do Beira-Mar. Além disso, fez questão de reiterar as saudades que sente do Beira-Mar. Posto isto, pergunto: senhores membros da direcção, demora muito o regresso de Palatsi a Aveiro?


O QUE MAIS GOSTEI
Existem tantos pormenores para constarem neste espaço. Não imaginam o quanto me apetece partilhar convosco as fortes emoções que vivi no Domingo passado. São tantos os momentos fantásticos que tenho vivido com o meu clube, que, estou certo, nem a totalidade deste jornal chegaria para vos contar.
No último jogo, por exemplo, a entrada de Palatsi em campo é simplesmente arrepiante. Comecei por aplaudir enquanto ele corria para os habituais exercícios de aquecimento. Mas, por momentos, parei. Parei para observar em volta os fiéis beiramarenses, de pé, a aplaudir um jogador que de adversário só o equipamento que envergava. A emoção é tanta que, confesso-vos, não conseguiu resistir a um par de lágrimas marotas que escorriam pela face. Ele, o Palatsi, merece todo o nosso carinho.
Mas um outro aspecto tenho, forçosamente, que dar a conhecer publicamente. O Guimarães tinha acabado de empatar o jogo. Da euforia à tristeza e incredulidade foi um ápice. Ninguém queria acreditar no que estava a acontecer. Rapidamente a bola foi ao centro. Ninguém arredou pé na esperança de que o Beira-Mar, por milagre porque o tempo era coisa que já não existia, ainda chegasse ao terceiro golo. O árbitro apitou para o final do jogo. Um misto de desilusão e infelicidade apoderou-se de todos.
Antigamente, empatar com o Guimarães, ainda que em nossa casa, não era um bom resultado mas também não era mau de todo. Hoje, porque o Beira-Mar nos habituou às coisas boas, às alegrias, às vitórias, às maravilhosas sensações em sentir que os aveirenses também são tão bons como os grandes, achamos que o empate final com equipas fortes como o Guimarães é um mau resultado. Por isso, só temos que agradecer aos jogadores e equipa técnica por fazerem de nós potenciais candidatos a alguma coisa.
Não concordam comigo?

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