terça-feira, maio 25, 2004

OS SEIS OVOS (DUROS) DE MICK WADSWORTH
A vinda do novo treinador inglês para o Beira-Mar acarreta, por si só, alguns riscos previamente assumidos. Quem os assumiu logo na apresentação de Mick Wadsworth foi o presidente do clube, Mano Nunes. Esta equipa técnica, liderada pelo inglês, é uma clara aposta pessoal de Mano Nunes que, segundo se depreende das suas próprias palavras, assumiria todos os riscos inerentes ao sucesso ou fracasso de Mick Wadsworth e seus pares.
No entanto, e na minha mera opinião pessoal, o ex-seleccionador Nacional do Congo também não está, porque não pode, isento de alguns riscos e trabalhos que ou o engrandecem ou o vergam ao fracasso total. Vejamos:
1. Esquecer António Sousa
Mick Wadsworth viverá sempre com o estigma do seu antecessor. Porquê? Pela simples, mas importantíssima, razão de que os sócios e adeptos do Sport Clube Beira-Mar nutriam, e ainda nutrem, um carinho especial pelo carismático treinador português. Foram anos seguidos à frente do futebol profissional do Beira-Mar que fizeram de António Sousa um homem marcante e com obra feita neste clube aveirense já implantado na divisão maior do nosso futebol. Mick Wadsworth só tem uma solução: fazer melhor, já nesta temporada, que António Sousa. Se não o fizer, a aposta em si foi perdida. As primeiras jornadas da temporada de 2004/2005 serão, certamente, decisivas quanto ao futuro do inglês em Aveiro.
2. Provar ser o treinador ideal
Não me esqueço que Mano Nunes disse, certo dia, que o seu treinador seria José Peseiro. O dinheiro não abunda para contratar o ainda treinador-adjunto do Real Madrid. A escolha acabou por cair em Mick Wadsworth. Ora, sabendo que no mercado nacional existem treinadores com provas já dadas de serem de "boa cepa", veja-se, por exemplo, que o Belenenses foi buscar Carlos Carvalhal, um técnico na linha de José Mourinho; Augusto Inácio, campeão nacional pelo Sporting, continua desempregado; Jesualdo Ferreira parece contrariado em Braga; Nelo Vingada está receptivo a propostas, veremos, num futuro muito próximo, até que ponto Wadsworth é o treinador ideal para um Beira-Mar que deve projectar-se, agora mais que nunca, nos lugares cimeiros da classificação.
3. Fortalecer o balneário
Julgo que não será segredo para ninguém que o final de época foi penoso tanto para jogadores como para adeptos. A justificação só pode ser uma: desunião dentro do balneário. A público vieram testemunhos de ex-atletas que referiram a indisciplina como motivo para a péssima segunda volta. A Mick Wadsworth exige-se unir e fortalecer um balneário avesso a pacificação. Conseguirá Wadsworth provocar um milagre desde há muito desejável?
4. Demonstrar respeito e gosto pelo clube/cidade
Estamos habituados, e bem, a um ex-técnico que tinha e tem no seu coração tanto o Beira-Mar como a própria cidade de Aveiro. Sempre afável e disponível, António Sousa deixou uma imagem de simpatia e carinho na maior parte dos beiramarenses e aveirenses. O que não estamos nada à espera é de um novo treinador sisudo, carrancudo e contrário à simpatia. A Mick Wadsworth cabe demonstrar que tudo fará para gostar do clube, da cidade e das pessoas. Isso é muito importante. Provavelmente, mais importante que os próprios resultados.
5. Stellar Group
Julgo que ninguém conhece em que termos concretos está estabelecido esse até aqui secreto protocolo entre o Beira-Mar e a Stellar Group. Uma coisa parece ser certa: este treinador foi indicado pela Stellar Group. Se o sucesso existir nos resultados da equipa, muita gente nem quererá saber que tipo de protocolo foi assinado.
6. Colocar o Beira-Mar nos 10 primeiros
No final da próxima temporada, o Beira-Mar terá que obter uma classificação melhor que António Sousa obteve enquanto treinador principal da equipa auri-negra. A fasquia está no 10.º lugar. Mas sabendo que Mick Wadsworth já colaborou com Sir Bobby Robson, já trabalhou na Selecção Inglesa, julgo que será demasiado frustrante ficar numa modesta 10.ª posição. Para mim, a fasquia é outra: acabar a época nos seis primeiros. Mais: preparar uma equipa ainda mais competitiva e ambiciosa para os próximos anos apostando na prata da casa.
O que nos reservará Mick Wadsworth e seus adjuntos? Uma grande surpresa, ou uma grande decepção? Por tudo isto, a não perder a próxima temporada!

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