Tanto nervosismo para nada
Ao segundo jogo o nosso treinador revelou desconhecidos tiques de nervosismo. Pelo menos, para nós portugueses estes tiques ainda eram desconhecidos. Porém, com tantos clubes e selecções no curriculum, não sabemos, ao certo, até que ponto Mick Wadsworth já tenha dado a conhecer essa sua outra faceta.
Não quero com isto referir que Wadsworth não tenha, em algum momento, a sua razão relativamente aos tiques. De facto, esta deslocação à Madeira revelou-se um autêntico fracasso. Ainda durante o aquecimento inicial Alcaraz, titular indiscutível no centro da defesa, lesionou-se obrigando o técnico a proceder a uma adaptação. Deslocou Mário Loja para esse lugar, entregando a Tininho a titularidade no lado esquerdo do sector mais recuado. Ora, sabendo que o europeu Nacional havia revelado, na temporada passada, dotes mortíferos no ataque (que o digam Sporting, Benfica e até mesmo Beira-Mar que encaixaram três golos cada na Choupana) não podia, na verdade, ter começado pior esta aventura madeirense.
Acontece que o Beira-Mar não se inferiorizou perante esta primeira contrariedade. Rezam as crónicas, em sintonia com os relatores de rádio, que o conjunto aveirense entrou bem na partida. Solta, boa inter-ligação entre os diferentes sectores e objectividade no momento exacto de atacar a baliza contrária.
Com tal espírito competitivo, de verdadeira entre-ajuda, foi, para alegria beiramarense, com alguma naturalidade que chegou o primeiro golo.
Pensava-se, numa perspectiva de lógica, que este fosse o tónico necessário para uma grande jornada auri-negra. Puro engano! Apenas 10 minutos volvidos e o Nacional chegou ao empate.
O Beira-Mar, permitam-me o desabafo, eclipsou-se no meio do Atlântico. E é precisamente nesta altura que Mick se enervou. Dirão alguns que o ambiente em redor do banco de suplentes não era o melhor. Mas, isso não justifica, de maneira alguma, que: a) o Beira-Mar tenha limitado a amealhar o pontinho com quatro (!), foram quatro meus amigos, defesas centrais, a que se juntaram dois trincos de características defensivas. Ou seja, mais de meia-equipa a jogar à defesa; b) na zona de entrevistas tenha dito, com ironia, aos jornalistas que estes eram bons jogadores.
É preciso saber, meu caro Mick, que o futebol é um desporto de paixões; que este desporto é uma "linguagem" universal entendida por muitos. Se uns seguem a carreira de treinador de futebol, outros privilegiam a escrita desportiva. Isto quer dizer que estão todos no mesmo barco. O futebol une-os. Assim como aos adeptos, dirigentes e jogadores. Com maior ou menor sabedoria, todos sabemos de futebol.
De maneira que a derrota, apesar da boa primeira parte, acaba por ser um justo castigo para quem quis jogar à defesa. Como beiramarense, custa-me imenso referir isto, mas é verdade.
O Beira-Mar, meu caro Mick, não é uma equipa defensiva, que joga para o pontinho. Nós, os de Aveiro, queremos que o nosso clube jogue para ganhar. Seja onde for. Julgo que, dos clubes que estão na SuperLiga, poucos se podem gabar de não terem sido derrotados pelo Beira-Mar.
Pelo menos faça por isso, tendo em campo jogadores talhados para tal. Não queremos passar a vergonha de sermos catalogados como uma equipa que joga à defesa na procura do pontinho da ordem.
Para este Domingo, frente ao outro aflito Gil Vicente, desejo-lhe, meu caro Mick, muito boa sorte e que a equipa conquiste a primeira vitória oficial da época. Estamos ansiosos por isso.
Fique descansado que, por enquanto, não estamos nervosos.
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