RUMO AO JAMOR
Tem início, no próximo Domingo, a Taça de Portugal para as equipas que participam na SuperLiga. O Beira-Mar, por esse facto, fará a sua estreia numa competição que muito lhe diz. É inevitável lembrar o dia 19 de Junho de 1999. O mítico Estádio Nacional, em Lisboa, engalanou-se para receber duas formações que jamais alguém se atreveria apostar, no início da competição desse ano, que chegariam à final da prova. Beira-Mar e Campomaiorense iniciaram o encontro com legítimas aspirações em fazer história. Foi mais forte o meu clube. Um golo de Ricardo Sousa ajudou a escrever, a letras de ouro, uma das páginas mais bonitas da já longa e respeitada história do Sport Clube Beira-Mar.
Passadas quatro temporadas desportivas, os auri-negros não conseguiram repetir o brilharete. Culpa dos ditos "grandes" que não descuram vencer tão prestigiado troféu? Desleixo do Beira-Mar em rodar a equipa nesta competição? Pouca ambição numa prova que para alguns figura num plano inferior do futebol português? Perguntas com alguma lógica e que, por certo, levariam algum tempo a serem respondidas. A verdade é que nas duas últimas épocas, o clube de Aveiro foi eliminado logo na primeira eliminatória por equipas de escalões inferiores como Vila Real e Chaves, respectivamente.
Este ano estou plenamente convencido que a história será bem diferente. Uma formação que tão bem conta de si tem dado no principal campeonato português tem, forçosamente, que pensar em altos voos na Taça de Portugal.
O primeiro adversário é o Lourinhanense. A militar na terceira divisão, série D, a formação da Lourinhã tem como objectivo a subida à segunda divisão B. No seu último confronto, frente ao Peniche, em casa, não foi além de uma igualdade a zero. Prova clara de que também pode claudicar no seu próprio reduto.
Ao Beira-Mar mais não se espera do que encarar este jogo com muita seriedade, postura e ambição. Não se pode entrar em campo com a falsa-ideia de serem favas contadas. Julgo que as últimas duas experiências frente a Vila Real e Chaves deram para demonstrar que dentro das quatro linhas ambas as equipas têm legítimas aspirações em vencer o jogo. E, claro está, é preciso estar de sobreaviso para as peripécias e surpresas que sempre existiram neste tipo de jogos. Bem na memória de todos estão as proezas de Torreense nas Antas e Gondomar na Luz. No próximo Domingo, pelas 14 horas e 30 minutos, lá estarei na Lourinhã na firme esperança de festejar da mesma forma e maneira como tive o grato prazer de fazer, este ano, em Braga e na Luz.
O Jamor não é um sonho, é um objectivo!


Para recordar semper
A época tinha terminado de uma forma dramática. O Beira-Mar havia descido de divisão e nem a simples presença na festa do Jamor conseguia aliviar o amargo sabor de termos sido uma das três piores equipas da primeira divisão. Orgulho ferido, desilusão em cada aveirense, tristeza nos semblantes de quem gosta do Beira-Mar. Mas, aqueles 90 minutos do dia 19 de Junho de 1999 teriam que servir para elevar bem alto os nomes de Beira-Mar e Aveiro. O país tinha que saber que aqui, junto à Ria, vivem um conjunto de cidadãos capazes de fazer da fraqueza uma força indestrutível. No ano seguinte, seria certo, iríamos jogar na segunda divisão mas coitadinhos é que não somos, seguramente. A vítima foi o Campomaiorense. Como estou certo que se não fossem eles seria o FC Porto, o Benfica ou o Sporting. É que estava mesmo à mão de semear uma oportunidade única de mostrar a Portugal o quanto se é digno mesmo na hora da derrota. O "caneco" viajou com inteira justiça para junto das gentes de Aveiro com o resto do País a assistir a uma demonstração de força impressionante. Até hoje, obrigado Aveiro!
Ficha do Jogo:
Árbitro: Lucílio Baptista (Setúbal).
Auxiliares: Luís Salgado e João Esteves.
4.º Árbitro: Martins dos Santos.
Sport Clube Beira-Mar: Palatsi; Jorge Neves, Lobão, Gila e Caetano; Fusco (Cap.), Eusébio e Paulo Sérgio; Ricardo Sousa, Fernando e Fary.
Suplentes: Elísio, Cristiano, Simic, André e Quintas.
Treinador: António Sousa.
Sporting Clube Campomaiorense: Poleksic; Quim Machado, Marco Almeida, René Rivas e Basílio; Mauro Soares, Nuno Campos e Isaías; Rogério Matias, Demétrios e Laelson.
Suplentes: Paulo Sérgio, Luís Miguel, Vítor Manuel, Sousa e Welington.
Treinador: José Pereira.


Em nome do capitão
Desafio o leitor, que ao ler estas linhas, saiba quem é Evaristo Miguel da Fonseca. Porventura, ligando este nome ao título do caixilho, poderá chegar à conclusão de quem se trata. Mas para muitos, Evaristo Miguel da Fonseca pouco ou nada diz. Se eu escrever que esta personagem foi colega de equipa de, entre outros, Abdul, Sidónio, Nartanga, Diego, Garcia, Violas e Liberal estou certo que já se devem recordar que estou a escrever sobre o Evaristo, capitão de equipa do Beira-Mar durante sete anos e atleta do clube durante 11 longas temporadas.
O grande Evaristo hoje em dia vive na Lourinhã. Não foi fácil chegar até ele. O primeiro contacto foi impressionante. Muito amável e bem-disposto, começou logo por dizer o quanto andava feliz da vida pela brilhante carreira do Beira-Mar. "Até fui a Alvalade ver o Beira-Mar., Que equipa! Que grande jogo! Merecia ganhar ao Sporting mais depressa do que na Luz, frente ao Benfica".
Com um passado ligado ao Beira-Mar, não resisti em perguntar ao habitante da Lourinhã por quem estaria Domingo. "Olhe, essa pergunta fazem-me quase todos os dias (risos). A minha resposta é sempre a mesma: vou torcer por quem ganhar". Uma resposta consensual digna de um capitão.
Se dúvidas houvessem sobre a sua presença no jogo, ficaram logo desfeitas. "Esteja sol ou faça chuva, lá estarei para ver uma grande partida de futebol".